A transformação digital avança rapidamente no setor de saúde e redefine a forma como pacientes, profissionais, hospitais e operadoras se relacionam. A telemedicina, que antes ocupava espaços limitados dentro da rotina clínica, se tornou um dos pilares da assistência nacional, impulsionando redução de custos, ampliação do acesso e ganhos significativos em produtividade.
Segundo dados do Banco Mundial, cerca de trinta por cento das consultas médicas no mundo poderão migrar para o formato remoto até 2030. No Brasil, o avanço é ainda mais expressivo. A regulamentação da telemedicina durante a pandemia acelerou o processo e abriu caminho para modelos híbridos que aliam tecnologia e cuidado humanizado. Hospitais, clínicas e operadoras passaram a investir em plataformas de atendimento digital, reduzindo filas e descentralizando o acesso.
Especialistas afirmam que o impacto econômico da telemedicina é múltiplo. De um lado, ela reduz deslocamentos, otimiza agendas e diminui o uso de recursos físicos. De outro, aumenta a resolutividade de casos simples e melhora o direcionamento de pacientes que realmente precisam de atendimento presencial. Para o médico Maicon Gonçalves Primo, que atua há quinze anos com integração entre tecnologia e assistência, a telemedicina só se tornou eficiente porque manteve a essência do cuidado humano. Ele afirma que a tecnologia não substitui o médico, mas amplia sua capacidade de atuar e de estar disponível.
A eficiência do modelo fica evidente em resultados mensuráveis. Um dos exemplos ocorreu em Ribeirão Preto, onde a reorganização de fluxos e o uso de atendimento remoto reduziram o tempo de espera de três dias para quarenta e cinco minutos em apenas dois dias de operação. Casos como esse evidenciam que a telemedicina não se limita ao atendimento individual, mas pode transformar processos inteiros dentro de instituições de saúde.
Operadoras e empresas também se tornaram grandes impulsionadoras da modalidade. Para elas, o atendimento remoto reduz custos assistenciais, diminui o número de idas desnecessárias ao pronto atendimento e aumenta a rapidez na resolução de sintomas leves. Uma equipe de saúde acessível a um clique, disponível vinte e quatro horas por dia, reduz afastamentos das empresas, melhora o cuidado preventivo e diminui a pressão sobre setores de emergência.
O avanço da telemedicina acompanha também a evolução tecnológica das ferramentas utilizadas. A primeira fase do setor esteve focada na expansão do atendimento clínico geral. A segunda abriu espaço para especialistas. A terceira incorporou dispositivos capazes de monitorar sinais vitais à distância. Agora, segundo Maicon, o setor avança para um patamar de integração mais sofisticado, no qual inteligência artificial, análise de dados e monitoramento contínuo formam uma rede de cuidado que antecipa riscos e melhora diagnósticos. Ele destaca que essa nova etapa exige mais do que tecnologia: demanda treinamento, protocolos eficientes e equipes bem coordenadas.

Maicon Gonçalves Primo
Do ponto de vista econômico, a telemedicina facilita a expansão do acesso à saúde em regiões onde a presença física de profissionais é limitada. Municípios médios e pequenos têm adotado plataformas digitais para ampliar atendimento e viabilizar consultas que antes dependeriam de deslocamentos longos. Essa descentralização gera impacto direto na qualidade de vida e na produtividade populacional.
Outra vantagem é a escalabilidade. Modelos baseados em assinatura e atendimento remoto oferecem custo operacional reduzido e permitem que empresas de saúde atendam um número muito maior de pacientes sem depender da abertura de novas unidades. Especialistas afirmam que essa estrutura é uma das chaves para democratizar o acesso ao cuidado.
Os próximos anos devem consolidar a integração entre telemedicina e inteligência artificial. Sistemas capazes de interpretar sinais vitais, identificar padrões e sugerir condutas clínicas complementam o trabalho do médico e oferecem caminhos mais rápidos para o diagnóstico. Para Maicon Gonçalves Primo, a tendência é que o atendimento remoto se torne cada vez mais resolutivo, humano e conectado. Ele ressalta que o grande diferencial está no equilíbrio entre tecnologia avançada e proximidade emocional, que deve continuar como centro do cuidado.
O Brasil se encontra em um ponto estratégico para expandir a saúde digital. Com forte presença de startups de tecnologia, grande demanda por atendimentos e um sistema de saúde público pressionado, a telemedicina oferece um caminho viável para aumentar eficiência e reduzir desigualdades regionais.
O futuro da saúde será mais conectado, mais rápido e mais acessível. E a telemedicina, que já demonstra resultados significativos, deve se consolidar como uma das bases da economia da saúde no país, especialmente por combinar escalabilidade, qualidade assistencial e impacto econômico direto.