Após quase 20 anos sem receber novos jogos, a franquia Onimusha foi finalmente revivida com o anúncio de Way of The Sword, revelado no último The Game Awards. Contudo, embora tenha sido uma grata surpresa para os fãs, a novidade ainda está longe de estrear — tendo seu lançamento previsto somente para 2026. Até lá, para animar o público e conter as expectativas, a Capcom também revelou a remasterização de Samurai’s Destiny, considerado o melhor na série e um dos clássicos indisputados do PlayStation 2.
Sendo o primeiro relançamento desde sua estreia original, em 2002, Onimusha 2: Samurai’s Destiny chegará para o público no dia 23 de maio deste ano com novas texturas em alta definição, dificuldades extras e conteúdo adicional. O segundo capítulo da série conta a história de Jūbei Yagyū, um jovem samurai em busca de vingança pela destruição de sua vila natal — causada pelo infame e poderoso Nobunaga Oda.
Por se tratar de uma sequência, será que Samurai’s Destiny funcionará como um bom ponto de partida para novos jogadores ou fãs retornando à franquia? O Voxel recebeu o título antecipadamente para o PlayStation 4 e, é claro, nós te contaremos nossas primeiras impressões!
Como de costume, vale lembrar que comentaremos sobre os aspectos técnicos e do desempenho desta versão, já que se trata de um relançamento remasterizado. Confira!
Uma volta às raízes
Antes de prosseguir, vale deixar claro: até esta oportunidade, não estava devidamente familiarizado com a série em questão. Apesar de ser assumidamente fã da Capcom desde o Super Nintendo — com as franquias Mega Man, Devil May Cry e Resident Evil estando entre minhas favoritas —, a saga Onimusha passou despercebida por mim durante os anos dourados do PlayStation 2. Parte disso, naturalmente, se dá pelo seu engavetamento prematuro, lá 2006, quando a quarta sequência, Dawn of Dreams, teve um número de vendas abaixo do esperado.
Por esse motivo, tendo em vistas a expectativa para jogar Way of The Sword, decidi começar a série devidamente pelo seu primeiro jogo: Onimusha Warlords. Lançado originalmente em 2001, o título ganhou uma versão remasterizada em 2019, trazendo texturas e jogabilidade melhoradas — mas sem legendas em português brasileiro. Sua trama conta a história de Samanosuke Akechi, um lendário samurai que deve salvar uma princesa de forças demoníacas.
Tratando de jogabilidade, caso você também não conheça a série em detalhes, talvez se surpreenda: o título, essencialmente, funciona como uma mistura de Resident Evil e Devil May Cry. Pode até parecer falta de repertório na associação, mas não é exagero, os jogos de Onimusha compartilham muitas particularidades com as duas renomadas sagas da Capcom — e muito disso se dá pela sua origem.
O primeiro Onimusha quase foi um Resident Evil
Inicialmente, Onimusha Warlords foi idealizado como um Resident Evil no Japão Feudal, e chegou a ser tratado como “Sengoku Biohazard”. Previsto para o Nintendo 64, o título levaria os jogadores a uma mansão cheia de armadilhas, priorizando o combate contra monstros com espadas e técnicas ninjas. A ideia original acabou sendo descartada, mas eventualmente ganhou uma nova chance com uma identidade própria.
Veja um vídeo do protótipo de Sengoku Biohazard:
Contudo, algumas decisões de design ainda foram herdadas da icônica franquia de zumbis da Capcom. Em Onimusha Warlords, os jogadores exploram um grande castelo assombrado por inimigos, apreciando a beleza de cenários pré-renderizados através de ângulos fixos de câmera — e, é claro, utilizando “controles-tanque”. Para complementar o contexto de um Japão Feudal, a trama também utiliza o folclore nacional para enriquecer sua narrativa, trazendo figuras históricas e demônios representados pela arte tradicional.
Se todas essas características parecem familiares, não é à toa. Na mesma época, um caso bastante similar aconteceu com Devil May Cry, que nasceu de uma versão descartada de Resident Evil 4 — porém, com um castelo europeu assombrado por “fantasmas”. Esta versão ainda contaria com Leon S. Kennedy, mas o protagonista enfrentaria inimigos com uma mutação de nível quase sobrenatural, sendo um deles o “Homem Gancho”.
Por outro lado, enquanto Onimusha se inspirou em Resident Evil para compor seus cenários pré-renderizados e jogabilidade baseada no terror de sobrevivência, suas mecânicas de combate e sua direção de arte acabaram influenciando Devil May Cry. Como mencionado anteriormente, essas particularidades criam uma ligação íntima entre os três jogos, mas somente dois deles se tornaram bem-sucedidos no ocidente — talvez, pelas temáticas mais hollywoodianas.
Onimusha Warlords é um clássico da velha guarda
Sem demorar muito, Onimusha Warlords me conquistou com sua jogabilidade e estética “da velha guarda”. Na versão remasterizada, o combate flui muito bem, e deixa o jogador livre para desenvolvê-lo como preferir. Como era de costume em jogos mais antigos, há técnicas secretas e mais complexas que existem combinações de botões — e nunca são realmente explicadas no jogo. É esperado que você aprenda pela repetição, e um pouco de sorte, eventualmente comentando sobre o progresso com os amigos. Uma delas é o contra-ataque, ou “Issen”, que permite eliminar inimigos com apenas um golpe. Simplesmente, é satisfatório demais.
Em sua apresentação, Warlords não se contém e oferece uma estética mais sombria, com uma trilha sonora opressiva e cenários devastados pelas forças demoníacas. Apesar do combate sugerir certa segurança, as hordas de inimigo e itens extremamente limitados fazem com que o jogador tenha atenção ao gerenciar seus recursos. Para completar a experiência do tradicional terror de sobrevivência, temos também a progressão em leva-e-traz — em que é necessário buscar um item ou chave em uma parte distante, voltar, e utilizá-lo para seguir em frente.

Igualmente sombria, a trama envolve conspirações, figuras históricas e a vida de inocentes em risco. Parte do seu desenvolvimento é contado em documentos espalhados pelos cenários, além de diálogos muito bem dublados — ao menos em japonês. Em todo momento, os eventos narrativos complementam o alto ritmo da jogabilidade com um maior senso de urgência, de que não há tempo a perder. É uma combinação certeira.
No entanto, nem tudo são flores. Mesmo na versão remasterizada, Onimusha Warlords não recebeu legendas em português brasileiro, e ainda pode parecer datado com as texturas implementadas. Parte disso se dá pela filosofia da Capcom de preservar a obra como foi lançada, contudo, essa abordagem pode desagradar jogadores que preferem gráficos modernizados — ainda que esse não seja o meu caso, é importante ressaltar.

Falando da jogabilidade, algo que certamente pode irritar jogadores mais modernos é a ausência de salvamentos automáticos e a impossibilidade de pular cenas. Pode parecer algo irrelevante, mas há uma certa seção que envolve três quebra-cabeças, e dois deles provocam morte instantânea, exigindo recomeçar do zero. Esse trecho me custou boas horas de paciência, não pela dificuldade, mas por ter que recomeçar e assistir as mesmas cenas a cada tentativa.
Caso seja fã dos jogos mais clássicos da Capcom ou queira conhecer a franquia, Onimusha Warlords pode ser um excelente ponto de partida — contudo, o título pode pedir um pouco mais de paciência do que o comum, mas ainda vale a pena.
Onimusha 2 aposta e acerta na autenticidade
Após finalizar Warlords, logo comecei a campanha de Onimusha 2: Samurai’s Destiny. Seguindo a mesma fórmula do primeiro título, a sequência traz melhorias em praticamente todas as frentes. Há gráficos muito melhores, jogabilidade expandida e refinada, além de uma trama significativamente maior.
Parte disso se dá pelo sistema de presentes, que permite interagir com outros quatro personagens secundários para alterar a narrativa. Com isso, a história principal pode facilmente ultrapassar dez ou mais horas de jogo, possuindo também um alto fator de rejogabilidade.
E por falar em narrativa, a trama de Samurai’s Destiny não reinventa a roda, mas funciona muito bem. A história se passa alguns anos após o fim de Warlords, e elenca outro guerreiro para ser seu protagonista — Jūbei Yagyū. Ele deverá reunir cinco orbes especiais para derrotar Nobunaga Oda, que está mais forte e ameaça conquistar a nação. Apesar dos riscos estarem maiores, o tom dos eventos está mais leve, com mais toques fantasiosos e de humor. Embora ainda tenha elementos de terror, Onimusha 2 é mais focado na ação e na aventura.
Essa mudança fez com que a sequência se distanciasse ainda mais do clima soturno de Warlords, bem como uma de suas inspirações, Resident Evil. Há mais fases diurnas, por exemplo, e um sentimento geral de estar acompanhando um anime, graças aos personagens secundários e suas interações cômicas. Tudo isso garante mais autenticidade à franquia, ainda que possa ser uma aposta mais arriscada para os fãs do terror.
Na jogabilidade, há algumas mudanças leves. Além do novo sistema narrativo, Samurai’s Destiny permite que os jogadores transitem e interajam com NPCs em uma cidade durante certa parte da história. O local funciona como uma espécie de base entre missões, trazendo lojas, pontos de salvamento e diálogos opcionais.
Vale experimentar Onimusha 2 remasterizado?
Apesar de ter estranhado a mudança para um tom mais bem-humorado, o que mais me agradou na remasterização foi o seu nível de cuidado. Ao iniciar o título, um aviso declara que a versão busca preservar a obra original com novas tecnologias, sem a descaracterizar. E essa proposta foi cumprida com bastante êxito.
As texturas e modelos são perceptivelmente melhores, com efeitos de iluminação e ambientação bem mais trabalhados que na versão original. A jogabilidade também recebeu os mesmos polimentos de movimentação e troca de armas presentes em Warlords, além ter uma nova dificuldade adicionada. A remasterização de Onimusha 2: Samurai’s Destiny também traz legendas em português brasileiro, algo muito bem-vindo em uma versão modernizada. Por fim, mas não menos importante, o relançamento implementou um sistema de autossalvamento.
Essas mudanças, embora pareçam pequenas, resolvem praticamente todos os problemas que me incomodaram em Warlords. Talvez por isso, a nova versão de Samurai’s Destiny possa ser considerada a melhor maneira de começar a franquia para quem está animado para jogar Onimusha Way of the Sword.
Data de lançamento e disponibilidade de Onimusha 2 Remastered
Caso tenha ficado interessado, Onimusha 2: Samurai’s Destiny Remastered será lançado em 23 de maio de 2025. O jogo chega para PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC (via Steam). Em breve, traremos a review completa do título, explorando ainda mais detalhes!
Até lá, fique de olho no Voxel para não perder mais novidades como essa!
- Character Samanosuke Akechi by (C) Fu Long Production / Guest Creator:Takeshi Kaneshiro
Fonte ==> TecMundo