O comércio exterior brasileiro e o impacto das importações têxteis na economia

O setor têxtil brasileiro é um dos mais relevantes da economia nacional.

Com faturamento superior a 210 bilhões de reais em 2024, registrou crescimento de 7% em relação ao ano anterior. A indústria têxtil e de confecção mantém posição de destaque como um dos maiores empregadores do país, mas os números revelam também os desafios: a baixa eficiência produtiva resultou em perdas estimadas em mais de 40 bilhões de reais no período, segundo entidades setoriais.

No comércio exterior, o quadro é igualmente desafiador. As importações têxteis ultrapassaram 6,6 bilhões de dólares em 2024, um salto de quase 15% em relação ao ano anterior. Enquanto isso, as exportações caíram cerca de 5%, ampliando o déficit da balança comercial para aproximadamente 5,7 bilhões de dólares. O resultado expõe a dependência crescente de produtos importados, sobretudo de países asiáticos como China e Vietnã, que dominam o fornecimento global com preços altamente competitivos.

O paradoxo brasileiro é evidente: ao mesmo tempo em que o país possui forte capacidade produtiva interna, continua perdendo espaço no cenário internacional e no mercado doméstico. Para especialistas, a explicação está em fatores estruturais como a elevada carga tributária, a complexidade burocrática e os gargalos logísticos que encarecem a produção nacional.

Segundo o empresário Gustavo Schelbauer, que lidera empresas de referência no setor, a solução exige uma mudança cultural e estratégica. “Não se trata apenas de importar mais barato ou produzir internamente a qualquer custo. É preciso estruturar cadeias inteligentes de fornecimento, buscar eficiência operacional e adotar políticas públicas que estimulem inovação e modernização da indústria nacional”, avalia.

Gustavo Schelbauer

Schelbauer destaca que, enquanto alguns países investem fortemente em tecnologia e sustentabilidade, parte significativa da indústria brasileira ainda opera com baixa produtividade. Essa defasagem reduz a competitividade, mesmo em um mercado interno robusto e com demanda crescente. Ele defende a criação de incentivos para pesquisa e desenvolvimento, além de maior integração entre fornecedores locais e internacionais, de modo a fortalecer a cadeia como um todo.

O impacto do setor vai além da economia. O preço dos insumos influencia diretamente a indústria da moda, o varejo e o consumo das famílias. As importações contribuem para reduzir custos e ampliar a variedade de produtos, mas ao mesmo tempo pressionam a indústria nacional, que perde espaço e capacidade de gerar empregos de qualidade. O equilíbrio entre esses fatores será decisivo para o futuro do setor têxtil no Brasil.

Apesar dos desafios, o país continua sendo um mercado estratégico para o mundo. O consumo interno, impulsionado por uma população jovem e conectada às tendências globais de moda, coloca o Brasil como destino relevante para fornecedores internacionais. A questão é se o país conseguirá transformar esse potencial em fortalecimento da indústria doméstica, garantindo competitividade e sustentabilidade a longo prazo.

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